ATA DA QUINTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUINTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA NONA LEGISLATURA, EM 26.02.1987.

 


Aos vinte e seis dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quinta Reunião Ordinária da Quinta Comissão Representativa da Nona Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jorge Goularte e Luiz Braz, Titulares, e Adão Eliseu, Aranha Filho, Kenny Braga e Getúlio Brizolla, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum” o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Terceira Reunião Ordinária e da Ata Declaratória da Quarta Reunião Ordinária, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Indicação, sugerindo ao Excelentíssimo Sr. Governador do Estado que determine a inclusão no currículo de 1º Grau de ensino da disciplina Folclore Rio-Grandense; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de Providências, solicitando que sejam efetuadas obras de implantação de esgoto pluvial, visando a resolver alagamentos em residências da Rua Moema, especialmente a de nº 565; pelo Ver. Raul Casa, 02 Pedidos de Providências, solicitando providências para a apreensão de animais (vacas e cavalos) soltos nas seguintes vias públicas: Rua Dr. Armando Barbedo, defronte ao Parque Gaelzer; Rua Dr. Pereira Neto, do seu início até o Colégio Mãe de Deus, e Rua Dr. Mário Totta, imediações do Center Winger e Colégio Mãe de Deus; providências para a pavimentação da ligação das Ruas Afonso Álvares com Dr. Pereira Neto. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.º 03/87, da Câmara Municipal de Soledade; 03/87, da Câmara Municipal de Restinga Seca; 19/87, do Deputado Estadual Carlos Sá Azambuja; 15/87, do Deputado Estadual Sanchotene Felice; 41/87, do Diretor-Presidente da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul, Sr. Lauro Pereira Guimarães; 24/87, da Câmara Municipal de Bento Gonçalvez; 06/87, da Câmara Municipal de Pelotas; 32/87, da Câmara Municipal de Santana do Livramento; 101/87, do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Desembargador Mílton dos Santos Martins; 418/87, da Câmara Municipal de Recife; 63/87, da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná; 16/87, da Câmara Municipal de Tuparendi; 06/87, do Deputado Estadual Brasil Carús, 2º Secretário da Mesa da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; 58; 109/87, do Sr. Prefeito Municipal; Ofícios Circulares n.ºs 01/87, da Câmara Municipal de João Pessoa; 01/87, da Câmara Municipal de Curitiba; 01/87, da Câmara Municipal de Piratini; 01/87, da Câmara Municipal de Viamão; 01/87, da Câmara Municipal de Santa Rosa; 01/87, da Câmara Municipal de Nova Petrópolis; 01/87, da Câmara de Vereadores de São José do Norte; 284/87, da Câmara Municipal de Recife; 01/87, da Câmara Municipal de Florianópolis; 01/87, da Câmara Municipal de Ribeirão Preto; 02/87, da Câmara Municipal de Cerro Largo; 01/87, da Câmara Municipal de São Pedro do Sul; Cartas do Dep. Estadual Moeses Berlesi; do Prefeito Municipal de Nonoai. Sr. José Luiz de Moura; Cartões do Secretário da Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Desembargador Paulo Barbosa Lessa; da Câmara Municipal de Rio Pardo; da Câmara Municipal de Flores da Cunha; da Câmara Municipal de Vereadores de Itaqui; Telex do Ministro da Fazenda, Sr. Dilson Funaro. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Antonio Hohlfeldt, de Voto de Congratulações com o Bel. Edson Bustamonte Pereira, pela criação do Jornal Contexto, órgão oficial da Coordenação Estadual do Rio Grande do Sul, da Fundação Rondon; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Pesar pelo falecimento de Valéria Flach Von Reisswitz; do Ver. Hermes Dutra, de Voto de Pesar pelo falecimento de Nelson Oliveira Silva; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Congratulações com Leverdogil de Freitas, por receber o troféu Clave do Sol, aos Destaques 86, escolhidos através de pesquisa realizada pelo Departamento de Documentação do Clube dos Compositores e Equipe Kronika; de Votos de Pesar pelo falecimento de Bernardo Stratus; de Julieta Rachewsky Chait. Ainda, foram aprovados os seguintes Pedidos de Informação do Ver. Hermes Dutra: acerca dos planos do Executivo referentes a concursos públicos neste ano e dos funcionários da Administração Direta que têm a FG incorporada ao salário, em substituição ao Pedido de informações n.º 160/86; acerca das Assessorias Municipais atualmente existentes, em substituição ao Pedido de Informações n.º 07/87. Ainda, foi apresentado à Mesa, pelo Ver. Clóvis Brum, Projeto de Lei do Legislativo n.º 02/87 (proc. n.º 446/87), que institui isenção de pagamento de tarifa de serviços de transporte coletivo, por ônibus, para alunos regularmente matriculados no ensino de 1º grau. Após, foi aprovado Requerimento oral, do Ver. Brochado da Rocha, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Jorge Goularte discorreu acerca da violência e da irresponsabilidade verificada em grande número de motoristas do País, destacando os perigos que isso representa para a população, principalmente na atual época de veraneio. O Ver. Isaac Ainhorn falou do embarque, hoje, do Ministro Dilson Funaro aos Estados Unidos, para discutir a dívida externa brasileira, analisando o assunto. O Ver. Hermes Dutra teceu comentários sobre a inexistência de um instituto de aposentadoria para os servidores públicos, discorrendo sobre os problemas que isso acarreta ao inativo e à própria empresa pública. Destacou a necessidade de estudos por parte da Assembléia Nacional Constituinte sobre a questão. O Ver. Clóvis Brum, comentando a transformação do Banco Sulbrasileiro em Banco Meridional, analisou a intervenção do Banco Central em bancos públicos de vários estados brasileiros. Parabenizou-se com o Governador Jair Soares pela política de saneamento das finanças adotada em relação ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Cleom Guatimozim reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Clóvis Brum, acerca da transformação do Banco Sulbrasileiro em Banco Meridional, discorrendo sobre a intervenção feita, pelo Banco Central, em vários bancos estaduais do País. Criticou a linha política que vem sendo adotada pelo Governo Federal. E o Ver. Clóvis Brum falou sobre o pronunciamento, de hoje, do Ver. Cleom Guatimozim, acerca da intervenção do Banco Central em bancos estatais brasileiros, destacando a justeza da medida adotada pelo Governo Federal. Ainda, em COMUNICAÇÕES, o Ver. Frederico Barbosa comentou os problemas enfrentados pelo Centro de Porto Alegre, salientando a necessidade de medidas concretas, com a participação de todos os setores envolvidos na questão, para que seja disciplinado o perímetro central urbano. Às onze horas e dez minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quinta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Gladis Mantelli e Frederico Barbosa, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli e Frederico Barbosa. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Havendo número legal, declaro abertos os trabalhos da presente Reunião.

Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à leitura das Atas da 3ª Reunião Ordinária e Ata Declaratória da 4ª Reunião Ordinária.

 

(A Sra. 1ª Secretária lê.)

 

Em votação as Atas. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que as aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADAS.

A Sra. 1ª Secretária dará conhecimento ao Plenário das proposições encaminhadas à Mesa, hoje, pelos Srs. Vereadores.

 

A SRA. 1ª SECRETÁRIA: À Mesa foram encaminhadas proposições pelos Srs. Vereadores (passando a ler): Adão Eliseu (01), Hermes Dutra (01), Raul Casa (02) e Clóvis Brum (01).

É só, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: O ementário do Expediente está distribuído em avulsos.

A seguir, havendo “quorum”, a Mesa submete ao Plenário os seguintes Requerimentos de Votos de Congratulações:

- de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt, com o Bel. Edson Bustamonte Pereira, pela criação do Jornal CONTEXTO;

- de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, com Leverdogil de Freitas, por receber o troféu Clave de Sol, destaque 86.

Em votação os Requerimentos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

A Mesa submeterá ao Plenário os seguintes Votos de Pesar: de autoria do Ver. Frederico Barbosa, pelo falecimento de Valéria Flach Von Reisswitz; de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, pelo falecimento de Bernardo Straus e pelo falecimento de Julieta Rachewsky Chait; de autoria do Ver. Hermes Dutra, pelo falecimento de Nelson Oliveira Silva.

Em votação os Requerimentos apregoados. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

Ainda, sobre a mesa, os seguintes Pedidos de Informações de autoria do Ver. Hermes Dutra:  se tem o Executivo plano quanto à realização de concursos públicos neste ano e, em caso positivo, para que cargos; ainda, sobre quantos funcionários da Administração Direta têm FG incorporada;  sobre quantas Assessorias Municipais existem atualmente e se há alguma vaga.

Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam os PIs permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

Passaremos, a seguir, ao período de

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Estive viajando nos últimos dias pelo litoral do nosso Estado e o de Santa Catarina, culminando com uma viagem que fiz a Florianópolis, depois a Gravatal, naquele Estado, e o que me traz a tribuna, hoje, é o que tenho observado nas estradas do País, especialmente na Região Sul. É um verdadeiro festival de irresponsáveis guiando criminosamente nas estradas, nas rodovias. Como se já não chegassem os nossos irresponsáveis, estamos agora inchados de irresponsáveis argentinos e uruguaios como se aqui fosse “estância de viúva nova”. Pensam que isto aqui é terra de ninguém e dirigem da pior maneira que se pode ver e imaginar. Por uma coincidência, por tratar-se de um dia 13, sexta-feira deste mês, o motorista de um caminhão de n.º 13 da empresa Braguinha, de Canoas, procurou, durante uma hora, albaroar os automóveis que se lhe antepunham como se fossem inimigos à sua frente, a tal ponto que tive que pôr o meu carro a mais de 120 km a hora à frente do caminhão, se não me engano um Scania Vabis. Mesmo assim, tive que sair fora do acostamento em uma região com um acostamento irregular. O cidadão, motorista daquele caminhão, que dei o número, dei o dia e entre as 10h e as 11h, entre Florianópolis e Tubarão, fazia com que os carros que estavam a sua frente abrissem para o acostamento, para que ele passasse a mais de 120 km por hora. Um caminhão pesado, numa estrada que está em recuperação. Por este motivo, necessita-se frear o carro para não colidir com os obstáculos naturais da pista. E não se pode frear porque, às vezes, vem aquele caminhão monstruoso em cima dos automóveis, a dois ou três metros. Não é possível que se consiga dirigir, de maneira racional e responsável, com irresponsáveis ao volante.

Esta Casa já perdeu um grande Vereador em acidente de caminhões - o Ver. Valneri Antunes. Quantas famílias são ceifadas com acidentes de caminhões! Não estou a dizer que todos os motoristas de caminhões são irresponsáveis, mas os irresponsáveis são assassinos em potencial, que estão dizimando as famílias brasileiras. Há poucos dias, aqui, em Cidreira, foi dizimada uma família. E eu não estou analisando de quem é a culpa. O fato é que, ao dirigirem irresponsavelmente, estão dirigindo como um assassino em potencial, pelo veículo pesado que dirigem, pela falta de responsabilidade que têm.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sou testemunha dos fatos que V. Ex.ª narra nesta oportunidade, usando a tribuna, porque na sexta-feira eu me dirigia com a minha família para São Paulo, e tive que fazer uma mudança de rumo e sair da Brasil 101, que se encontra numa situação de absoluta impossibilidade de trafegabilidade, pelos caminhões, pelos automóveis que são dirigidos dessa forma. Infelizmente, tive que optar por um trajeto que não tem aquela beleza natural do litoral - tive que subir pela Brasil 116. E os fatos que V. Ex.ª narra são exatamente o que vem ocorrendo, diariamente, em todas as estradas brasileiras, e, inclusive, numa estrada melhor, como a “Free-Way”, sobre o que há alguns dias atrás, o próprio Ver. Brochado da Rocha teve oportunidade de denunciar, também desta tribuna. Fico simplesmente Ver. Jorge Goularte, perplexo, porque vidas humanas são ceifadas diariamente nas estradas brasileiras, famílias inteiras, e a gente assiste, impassível, sem ter simplesmente o que fazer, vendo este verdadeiro caos em que se transformaram as estradas brasileiras, apontadas com muita propriedade por V. Ex.ª Muito obrigado.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Vejam V. Ex.as, eu dei o número do caminhão, dei a data, o dia da semana e o horário em que aconteceu. O motorista desse caminhão só não causou acidente de maior monta porque os automóveis saíram para fora da pista, sem acostamento, para se livrarem daquele monstro branco, que vinha a mais de 120 km horários. Parecia até filme de terror, aquele monstro branco atrás de um carro frágil e pequeno como o meu.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª levanta um assunto que realmente está a merecer a atenção das autoridades. Tenho observado que dos dois últimos anos para cá, não sei se por problemas de ordem econômica que o País vive ou se por problemas de ordem pessoal na vida da cada um, nas estradas, é cada vez maior o número de caminhoneiros que infelicitam a classe, porque, lamentavelmente, na maioria das vezes não se consegue identificar e tem-se que generalizar. Das viagens que fiz, daqui ao Município de Criciúma, em Santa Catarina - são 300 km - durante cinco vezes tive que ir para o acostamento em função de ultrapassagens de quem vinha contra o fluxo em que eu me encontrava. Somente comigo aconteceu cinco vezes. Como este é um fenômeno que está aumentando, as autoridades têm que agir com maior rigor. Acho que o legislador deve começar a ver esta questão no sentido de a penalidade não ser mais meramente monetária e sim cadeia.

 

O SR. JORGE GOULARTE: E veja bem, Vereador, a classe deveria-se conscientizar, o motorista que transporta o progresso desta Nação, dos irresponsáveis que estão deturpando, até, as missões nobres que estes motoristas têm. Há uma Lei que diz que os caminhões devem manter entre si um vão de refúgio de 30 metros para que o carro que ultrapasse um caminhão tenha refúgio para ultrapassar o outro. Houve caso nesta viagem que fiz, que tive que fazer a ultrapassagem de 7 caminhões sem nenhum vão para refúgio.

Então, alguma coisa tem que ser feita no sentido de conscientizar. Já não bastavam os motoristas brasileiros irresponsáveis, porque existem os motoristas responsáveis, chegam, ainda, os irresponsáveis argentinos e uruguaios que pensam que aqui é “casa de viúva nova”. “Estância de viúva nova”, é a que não tem dono e nem capataz e que fazem o que bem entendem e não são multados e não acontece nada. Alguém tem que fazer alguma coisa.

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): O Ver. Brochado da Rocha cede-lhe seu tempo para que consiga estabelecer um debate com V. Ex.ª.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sou muito grato pelo tempo que me cede o Ver. Brochado da Rocha para que possamos estabelecer um debate que considero fundamental.

 

O Sr. Brochado da Rocha: Acho que V. Ex.ª presta um relevante serviço à Cidade de Porto Alegre porque, afinal de contas, seus munícipes encontram-se à mercê de tudo o que V. Ex.ª está citando, porém quero adentrar a dois aspectos: primeiro, conforme o Ver. Isaac Ainhorn narrou, fiz uma manifestação urgente-urgentíssima para o DNER, mostrando a absoluta inoperância ao DNER no que diz respeito a fiscalização e a providências. Mostrei, inclusive, que a capacidade técnica e a forma como estava sendo usada, inclusive na “Free Way”, deixava muito a desejar. V. Ex.as poderão ter o meu telex a mão, a bom nível, estritamente técnico. E, em contrapartida, recebi um telex do DNER com um monte de desaforos. Tudo que V. Ex.ª está colocando da tribuna, se fosse levado ao DNER, V. Ex.ª, também receberia desaforos.

Quero adentrar para uma constatação real, e que V. Ex.ª, no decorrer do tempo, poderá verificar: é que nas rodovias estaduais estas coisas não estão acontecendo, tanto é que podemos ver o índice de acidentes de uma e de outra. É um terço de uma para outra. Finalmente, a absoluta omissão da tal de Polícia Federal de Trânsito. Nós, Ver. Jorge Goularte, devemos lembrar do respeito que nós tínhamos por esses policiais. Hoje, Vereador, há ultrapassagem pela direita, pelo acostamento, também dos automóveis particulares. Transformaram-se numa verdadeira desordem. Por outro lado, ainda, Vereador, acrescento que a “free way”’, ou a auto-estrada esta abandonada, com um monte de irregularidades, buracos etc. Existe até a falta de sinalização dos trinta metros, que V. Ex.ª muito bem colocava aqui e que é fundamental, não só para caminhões mas para automóveis também.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Eu digo entre os caminhões porque, nas ultrapassagens longas, é mais grave, muito mais grave.

 

O Sr. Brochado da Rocha: Mas é necessário que se diga que, no texto, a Lei prevê, também, para os automóveis. Mas V. Ex.ª vai verificar que esta lei, ou é cumprida ou deve ser revogada, porque não é respeitada.

Outra coisa que eu queria deixar à consideração de V. Ex.ª é o fato de que, não sei por que, na “Free Way” foi estabelecido primeiro um critério de cobrança normal, depois um critério que pagasse a ida e a vinda de uma vez, só no pressuposto fantástico de que quem vai volta. Eu acho que é um pressuposto estúpido. O DNER disse que isso aí não poderia ser feito, retirou o que disse e agora voltou atrás. Retirou com impropérios, dizendo que era errado. Sempre foram feitas, a respeito da auto estrada, chamada “Free Way”, aquelas manobras que ora colocam mão única, ora não, acabaram com isto e agora virou uma desordem. Passando-se Osório se estabelece um verdadeiro conflito. É uma verdadeira tourada o enfrentamento desta situação. Queria fazer estes registros tendo em vista que alguns assuntos na Casa, por ser recesso, tem deixado de passar pelo nosso crivo e V. Ex.ª tão bem levanta o assunto.

 

O SR JORGE GOULARTE: Sou grato e queria exatamente agradecer aos meus colegas pela participação neste debate que considero fundamental. O Brasil está vivendo um problema muito sério e, levantou muito bem o Ver. Hermes Dutra, a Constituição Federal deve fazer uma análise séria, também, a esse respeito. Sobre os delitos de trânsito e nas grandes rodovias. Repito: não estou aqui a acusar a classe de motoristas de caminhões, que considero uma classe extraordinária, que movimenta a riqueza deste País. Mas, no seu meio, como no meio de todas as categorias deste País, existem os bons e os maus, os maus estão com suas atitudes irresponsáveis a arrastar consigo aqueles bons motoristas que muitas vezes facilitam as nossas ultrapassagens, porque é impossível que passe pela cabeça de um irresponsável, que dirige um caminhão de 30 toneladas, que ele tenha maior velocidade que um automóvel. Existia, há pouco tempo, a lei dos 80 km horários. Eu digo existia porque não terminou, mas ninguém mais respeita.

Os acidentes podem ser evitados, mas eles são provocados, instigados, procurados, pelos maus motoristas brasileiros, acrescidos, agora, pelos motoristas argentinos que são mais irresponsáveis que os nossos e os uruguaios no mesmo nível. É por isto que eu trouxe, hoje, este assunto a esta Casa, que tenho certeza é de grande relevância para a população, não só da Capital, pela qual somos responsáveis, porque eleitos por ela, mas, também, de todo o Rio Grande e de todo o País. Alguém tem que fazer alguma coisa. Não é possível que fique como está, porque a situação é gravíssima e quem viaja nas estradas deve dar graças a Deus quando chega a seu destino. Eu confesso que até escolho os dias em que viajo pelas rodovias. As sextas e as segundas-feiras são os piores dias, e os dias do meio da semana, assim como sábado, são os melhores, porque neles há menos movimento e menos irresponsáveis, sequiosos de praticarem, até, um assassinato.

Eu digo que há, até, uma vontade enorme de passar por cima daquele carro que “ousadamente” está à frente do nobre motorista de um caminhão, irresponsável, assassino em potencial. Alguém deve fazer alguma coisa para que não sejam ceifadas mais vidas das famílias brasileiras! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Acredito que a Nação passa por um momento de extrema gravidade, gravidade maior na medida em que estes fatos ocorrem, normalmente, em épocas de maior movimentação da vida nacional em termos econômicos, em que as questões econômicas começam a se tornarem mais presentes, sobretudo nos meses de maio, junho e julho. No dia de hoje embarca, para os Estados Unidos, o Min. Dilson Funaro para discutir, com banqueiros internacionais, a questão da dívida externa. Se de um lado entendemos como positiva a moratória, a postura de declarar a moratória unilateral suspendendo o pagamento dos juros da dívida externa, de outro lado a preocupação vem a nós à medida em que, novamente, fala-se em nosso País recorrer ao FMI. Isso, evidentemente, merece uma profunda reflexão, porque pretendemos, exatamente, dar a nossa contribuição, como brasileiros, como políticos responsáveis, ao quadro econômico difícil que atravessa a Nação, para o melhor andamento possível desse problema. Mas, se de um lado, o Brasil já deveria ter tomado esta atitude há mais tempo, se, de um lado, o Brasil declarou através de um ato de soberania a Moratória, ou seja, a suspensão de todos os pagamentos de juros relativos à dívida externa, por outro lado recorrer ao FMI, sobretudo sem antes fazer uma rigorosa auditoria sobre a origem da dívida externa brasileira. Deu um passo extremamente perigoso. Em determinadas circunstâncias até o nosso País ir recorrer ao FMI, necessariamente não implicaria abrir mão da sua soberania, mas na atual conjuntura econômica nacional, na pressão que vimos por parte dos credores internacionais, a medida de se recorrer ao FMI começa a ser falada com mais insistência. Uma semana após a declaração da Moratória, após este exercício de pratiotismo, esse exercício de soberania, de declaração unilateral da moratória, já começa, de outro lado, a se enfrentar a hipótese do Brasil recorrer ao FMI.

Há pouco mais de um ano S. Ex.ª, o Sr. Presidente da República, Dr. José Sarney, afirmava que estávamos livres da Sra. Ana Maria Jull, figura bastante conhecida nossa quando aqui esteve examinando as contas do nosso País, aí sim, em flagrante desrespeito a nossa soberania, fazendo auditorias, colocando exigências e examinando as nossas contas dentro da nossa Casa. É muito duro para um país como o nosso que declara, há menos de uma semana, a suspensão do pagamento, não só do principal como também dos juros sobre a dívida externa, é muito difícil, ao lado disso, uma semana após, já, os primeiros boatos, as primeiras entrevistas, começam a surgir afirmando que não tem nada de mais o País recorrer ao FMI.

Mas, o que nos preocupa muito, ao lado dessa política oscilante, por parte do Governo Federal, que ensaia os primeiros passos para justificar a sua ida ao FMI vimos o quê? Assistimos o governo lançando no mercado os títulos federais à taxa de juros de 30% ao mês, para quê? Para conter um dos mais sérios problemas do nosso País, que é o déficit público, ao lado da dívida externa, sem que haja nenhuma medida concreta para enfrentar na raiz, de forma radical, aquilo que gera o déficit público interno. E viva-se com todo esse barulho, Ver. Jorge Goularte. Por essa razão, mais uma vez, de forma responsável, porque assistimos o País caminhar a passos largos para uma bancarrota econômica plena... E isso nos preocupa muito porque o regime democrático fica em questão, é colocado em questão quando uma crise como esta se apresenta da forma como está se apresentando. Nós sabemos que crise economia como essa gera uma situação política extremamente delicada que pode levar a governos autoritários, a golpes de estado, e nós estamos, aqui, como partícipes deste processo político, preocupados em encontrar caminhos que, infelizmente, o Governo Federal não consegue apontar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o perigo disto tudo, Ver. Isaac Ainhorn, é que V. Ex.ª por ter chamado a atenção das autoridades da Nova República, corre o risco de ser chamado de traidor da Pátria, porque, segundo o Presidente da República, criticar, agora, é traição à Pátria. O que a Nova República tem nos ensinado é impressionante!

Mas quero chamar a atenção da Casa e principalmente do Poder Legislativo como um todo, no momento em que se instala a Constituinte no País, para uma questão de crucial importância cujos reflexos na Administração Estadual e Municipal já se começam a fazer sentir e corre-se o risco de se inviabilizar as administrações futuras dos Governos Estaduais e Municipais. Refiro-me à falta de um instituto de aposentadoria para os funcionários públicos estaduais e municipais. Dos inativos, a cada ano que passa, a sua representatividade na composição dos custos de pessoal das administrações aumenta um pouquinho. Para que V. Ex.as tenham idéia, no Município de Porto Alegre os inativos, hoje, já representam mais de 30% da folha de pagamento.

A questão que se levanta é a seguinte: como existe a tendência de vivermos mais, se Deus quiser, o aposentado passa mais tempo do que passava, aposentado, e ganhando da Administração. Ora, o Poder Público precisa de funcionário para o lugar daquele que se aposentou. Então, está se criando uma situação em que, a cada ano, aumenta o número de funcionários, não em números absoluto, em números reais. O que quer dizer isso? Quer dizer que, se a folha de pagamento fosse parada por um momento no tempo e não houvesse mais um aumento para os funcionários públicos, não houvesse mais uma promoção, não houvesse mais nenhuma vantagem para o servidor municipal, ou estadual, mesmo assim a folha de pagamento cresceria porque o funcionário atinge uma idade, se aposenta, e o Município precisa de alguém para substituí-lo. Então, com o mesmo número de funcionários ativos, o Município dispõe de mais dinheiro na folha de pagamento. E por que isto? Isto por uma visão distorcida do funcionalismo brasileiro. Eu sempre disse que eu sou um dissidente completo deste sistema de pessoal a nível federal, estadual e municipal, porque paga-se mal o funcionário municipal e se coloca um monte de penduricalhos no salário, na maioria das vezes na dependência do bom humor do chefe. Exemplo disso nós temos no Município de Porto Alegre com as convocações para regime de trabalho integral e regime de dedicação exclusiva que, de repente, o funcionário, porque o chefe está de mal humor, tem o seu salário reduzido em quase 50% por este erro, por esta visão caolha do aspecto de pessoal. Isto não é culpa do atual prefeito, nem do anterior, isto é uma questão histórica. Tem-se medo de pagar bem, e começa-se a tentar resolver os problemas com os penduricalhos. É um dos problemas porque não se consegue aumentar o salário mínimo, neste País, porque se alguém quiser beneficiar o desgraçado que ganha um salário mínimo por mês, estará, por tabela, aumentando, em cascata, todo mundo, até aquele que ganha 50 salários mínimos por mês, o que é altamente injusto e torna inviável hoje no País a melhoria do salário mínimo, com estas vinculações existentes.

Mas eu torno a este aspecto que acho de crucial importância: a aposentadoria exige um fundo, cujas aplicações, num cálculo autuarial lhe garantam a rentabilidade necessária para pagar o aposentado, um fundo do qual participem o patrão e o empregado, o Município e o funcionário, o Estado e o funcionário. E este fundo, esta instituição, gerida de comum acordo pelo trabalhador e pelo patrão, vão fazer as aplicações que garantam o dinheiro e, fazendo-o render, dê tranqüilidade ao aposentado. Mas nós não fazemos assim, lamentavelmente. Por uma visão caolha deste aspecto, o funcionário público não tem um instituto de aposentadoria. E, quando tem, ele é capenga, como é o caso do IPE, que não dá aposentadoria, dá pensão, pois o Estado não repassa, com o necessário cumprimento dos prazos, o dinheiro que arrecada do próprio funcionário, fazendo com que o Instituto, ao longo desses anos todos - o IPE foi criado por Flores da Cunha, diga-se de passagem -, apresente um trabalho deficiente, hoje, com funcionários ganhando mal, reclamando, e o funcionário público também reclama, porque contribui.

Então, imagino que agora, com a Constituinte, se há de colocar um artigo, na Constituição, proibindo que os Municípios e os Estados, e até mesmo a União Federal, continuem a custear os seus aposentados, até porque, Sr. Presidente, isto serve, também, como fator de achatamento salarial, porque vem a eterna desculpa: “Não podemos aumentar porque os aposentados são muitos. Vai aumentar muito a folha de pagamento, e o Estado, os Municípios e a União não têm recursos para pagar”. Ora, isto é uma questão de criatividade e sobretudo de credibilidade, porque não adianta se criar uma grande instituição nacional, a exemplo do INAMPS, do IAPA, do INPS, se são mal dirigidos, se o Governo não paga a parte que lhe toca na Previdência - e fiquem os funcionários tranqüilos, porque não estou a imaginar essas miseráveis aposentadorias que o INPS paga, esses cálculos esotéricos, que ninguém sabe como se faz. Não! Está provado, em níveis autuariais, que uma contribuição de 16%, 8% de um e 8% de outro, dá, tranqüilamente, para pagar o salário de um aposentado como se na ativa estivesse. Isso é cálculo autuarial, não é idéia luminosa que se acende, pois que se as instituições privadas podem dar uma aposentadoria complementar, por que é que o Instituto não pode dar? Não pode dar, é claro, porque é mal-administrado, porque não é administrado com uma visão de que é obrigação da Instituição bem gerir o dinheiro que lhe é depositado mensalmente, que sai do bolso dos seus funcionários, para lhes garantir a aposentadoria, e não para fazer assistência social com quem não contribui. A assistência social é dever do Estado, não do cidadão. O cidadão, a nível de consciência, tem a obrigação da caridade, mas isso é um problema de consciência, de moral, agora, o Estado tem a obrigação da assistência social. Mas, no País, lamentavelmente, se pega o dinheiro de quem contribui para o INAMPS e é distribuído para quem não contribui, fazendo com que o trabalhador assuma a função que o Governo não assume e, por via de conseqüência, o Instituto nunca tem dinheiro para pagar a aposentadoria, ou melhor, tem, mas para pagar essas miseráveis aposentadorias que se dão.

Então, eu espero, Sr. Presidente - e é um apelo que faço desta tribuna - que se avalie esse aspecto de forma muito clara, porque o funcionário público municipal, o funcionário público estadual corre o risco de se tornar, no futuro, mais um aposentado pelo INPS, com um salário miserável, diferente do salário da ativa, levado por uma questão de ordem prática pois que, se não forem tomadas providências agora, daqui a 10, 15, 20 anos, será inviável termos aposentados na folha e aí teremos os salvadores de sempre. Já que é inviável ao Município pagar a aposentadoria para os seus funcionários, passe-o para o INPS ou então reduza o salário dele. E estas coisas se evitam com a visão de futuro, com antecedência necessária para que se constitua um fundo que a realidade social está a exigir hoje.

Se não agirmos hoje, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, daqui a 10, 15, 20 anos será pior e as gerações futuras vão-nos cobrar isto. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Clóvis Brum, pelo tempo que lhe cede a Ver.ª Gladis Mantelli, em Comunicações.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Os gaúchos ainda podem lembrar a luta que os Deputados Federais e Senadores de todos os Partidos Políticos travaram em Brasília para transformar o Sulbrasileiro no atual Banco Meridional. Deputados do Rio de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, Ceará, de quase todo o Norte e Nordeste se levantaram contra a autorização legislativa da criação do Banco Meridional. Foi uma violência que se cometeu naquela oportunidade. Os jornais do Centro do País, e também do Norte, davam destaque à situação do Sulbrasileiro, tentando dizer que os gaúchos eram maus pagadores, faliam as suas instituições e por aí alinhavam uma série de argumentações contra os interesses do Rio Grande e contra as nossas instituições financeiras. A recente intervenção do Banco Central, em vários Bancos Estaduais, tornou-se uma necessidade porque o Banco Central vinha, há muito, aplicando recursos substanciais nesses Bancos Estaduais. A matéria sobre essas informações estão em todos os jornais que circulam no País, notadamente nos que circulam no Rio Grande do Sul. Não se pode mais contemporizar o assunto, os Bancos continuavam operando com grande déficit. Não acusem o Governo Sarney de investir contra qualquer Governador, isto sim, antes de acontecer o mesmo que ao Sulbrasileiro, tentou resolver os problemas desses Bancos.

Negar, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a ação do homem público, seja ele de que partido for, não é um gesto de justiça. Eu desejo fazer um gesto de justiça. Acho, Ver. Frederico Barbosa, que nesse particular, se viu muito bem o Governador Jair Soares enfrentando o problema do Banco do Estado do Rio Grande do Sul com seriedade, com competência, com coragem. O Governador não fez grandes obras, foi uma administração melancólica, no ponto de vista de obras, mas não em se tratando desse problema. Não ocorreu esta preocupação com outros Estados da Federação. Não venham, hoje, amanhã ou depois de amanhã, as notas oficiais, assinadas por este ou por outro Governador, dizendo que a Nova República, ao final dos seus mandatos, tenta denegrir as suas administrações. Não! O que houve não foi uma intervenção, foi uma intervenção técnica, necessária, saneadora, urgente e inadiável. Por isso o Banco Central interviu nesses bancos estaduais. Acho que a partir da intervenção esses Bancos poderão se salvar. E salvos esses Bancos, milhares e milhares de depositantes desses Bancos Estaduais continuarão tranqüilos porque terão a garantia do Governo Federal. O Governo Federal ao intervir, nesses Bancos, tem uma única finalidade: garantir o pleno funcionamento dos Bancos estaduais em intervenção. Vai, evidentemente, apurar a responsabilidade daqueles que mal geriram a coisa pública, no mínimo é obrigação do Governo e deve ser apontado, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aqueles que lesaram o patrimônio público. Os Bancos Estaduais são entidades públicas, não são entidades privadas, não pertencem a um Governador, a um Presidente, a uma Diretoria, é dinheiro do povo, garantido, também, com o dinheiro do povo através do Banco Central. Mais de vinte bilhões de cruzados já tinham sido aplicados pelo Banco Central, sem qualquer divulgação à população brasileira, no que se refere a esses Bancos. Não havia mais como se aplicar, senão enfrentar-se esse problema sobre intervenção, sob a direção do Banco Central. Acho que com esta medida o Governo vai dar aos Estados, que tiveram seus Bancos Estaduais intervindos, uma solução capaz de soerguer esses Bancos e fazer com que sua grande clientela não venha a sofrer qualquer prejuízo.

Feito esse registro, reitero a minha preocupação no sentido de que não se leve esta intervenção para o lado político eleitoral, porque o Banco Central haverá de dar a esses Bancos Estaduais aos seus novos Governadores todo o assessoramento, toda a investigação necessária não só para sanear esse Banco, como também para apontar os seus maus administradores. E quem são os administradores dos Bancos, são exatamente as suas Diretorias. Acho que esse é um fato que toma conta hoje da Imprensa Nacional, porque a repercussão financeira dos déficitis desses Bancos é muito grande e não pode ser tratada apenas com discursos, com acusações levianas. Acho que os Governadores dos Estados deveriam até dar, ao invés de alguma nota que possa sair tentando justificar o injustificável, dar ao Governo Federal toda a solidariedade, no sentido de que o Governo possa realizar um bom trabalho, através do Banco Central. O Meridional, é verdade, está funcionando, produzindo, é praticamente um exemplo dado pelos gaúchos ao resto do País, que não acreditava, que não queria e que tudo fez para que o Meridional não fosse realidade. Portanto, a intervenção é muito mais um gesto de contribuição do Governo Federal aos Bancos que estão à beira da falência, praticamente declarada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim em Comunicação de Líder.

 

O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Vejam que o Líder do PMDB, Ver. Clóvis Brum, que me antecedeu na tribuna, ao citar como exemplo o Banco Meridional como sendo modelo de Banco ao nível nacional, prega abertamente a estatização dos sistema bancário no País.

Entendemos que o Governo Federal investe, agora, exatamente em cima dos Governadores que deverão assumir e que foram eleitos pelas siglas que mantêm no poder, ilegalmente, o Vice-Presidente da República, eleito indiretamente e que, ao que tudo indica, está disposto a ficar por um mandato de seis anos, quebrando o costume da tradição republicana deste País, que é um mandato de quatro anos.

Vejam, Srs. Vereadores, que atirar a culpa da dívida interna totalmente em cima da dívida dos Bancos é cometer um erro violento. E quem comente este erro, no momento, é o Governo Federal, como se a dívida interna fosse provocada pelo sistema da rede bancária estadual. Os Bancos dos Estados não vão bem. E o Governo Federal resolve, então, fazer um tipo de intervenção branca, ou, até mesmo, dando a entender que antes que assumam os seus Governadores, estariam dispostos a fazer uma Auditoria. Tudo leva a crer, pelo caminho com que está indo a ação do Governo Federal, de que eles pretenderiam fazer uma Auditoria nos Bancos dos Estados antes de assumirem os seus Governadores.

Se o Governo fosse eleito pelo voto popular, se o Presidente não fosse o Vice, eleito indiretamente, então, eu acho que seria uma representação da força da democracia, porque eu prefiro uma democracia que engatinhe, uma democracia cheia de problemas, como é a nossa, a qualquer outra ação que não se enquadre dentro deste rótulo de democracia.

Vejam que o Ministro da Justiça, Dr. Paulo Brossard, como um D. Quixote a exigir justiça para o Presidente, visitou os futuros Governadores, pedindo o apoio dos mesmos para o mandato ilegal de seis anos. E fez uma peregrinação que nem Jesus Cristo conseguiu fazer, porque este País tem dimensões continentais e ele o percorreu de norte a sul, em busca do apoio dos Governadores, como se a força política estivesse em suas mãos. Não está. A força política está, neste momento, representada num elefante, que não sabe a força que tem e na mão dos Senhores Deputados e Senadores Constituintes. A força não vem dos Governadores, mas foi lá que o Presidente da República mandou o Dr. Paulo Brossard, viajando por cada canto deste País, naturalmente usando o jatinho presidencial. Eu não tenho certeza do que afirmo, mas deve ser. O Ministro viajou para buscar, dentro deste mandato, que já é ilegal, um adendo, um acréscimo, um pouco mais de tempo para o Presidente José Sarney.

Ora, Srs. Vereadores, V. Ex.as estão lembradas do Plano Cruzado e seu lançamento. Quando se lançou o Plano Cruzado, apenas um homem neste País, Leonel Brizola, foi contra, e por isto pagou caro, foi crucificado porque ficou tendo contra si o povo, que estava enganado e pensava que havia sido descoberta uma nova forma e que o Dr. Sarney e o Dr. Funaro receberiam o Prêmio Nobel de Economia, por terem descoberto uma forma de salvar os países em desenvolvimento. Paga-se caro o preço do acerto, neste País. Aí está a força de Leonel Brizola, hoje, de norte a sul deste País, a ponto de já está a se falar em Parlamentarismo, para que não haja eleição para Presidente - querem mudar as regras de jogo, e botar, como diria, hoje, o vice-prefeito Glênio Peres, umas bolinhas de aço, no jogo das bolinhas de gude, onde é tudo de vidro, para destruir.

Então, Srs. Vereadores, esses Bancos Estaduais sob intervenção, é uma violência terrível de um Governo que não tem condições de manter a economia do País e que vem com impactos - o impacto engana de novo, e o dinheiro do trabalhador diminui cada vez mais, os preços sobem assustadoramente, e a Fundação Getúlio Vargas, onde o Governo tem a maioria, diz que isto não está acontecendo.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo que a ameaça da intervenção nos Bancos leva ao caminho da estatização, feito por um Governo ilegítimo que, no momento, está no poder. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em tempo de Liderança, com a palavra, o Ver. Clóvis Brum. V. Ex.ª tem cinco minutos.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Acaba de sair desta tribuna o Líder do PDT, sem dizer uma só palavra sobre o pronunciamento deste Vereador há poucos minutos. De duas, uma: ou o Líder do PDT fez olhos e ouvidos de mercador para a situação do BANERJ e de outros Bancos, ou o Líder do PDT não leu os jornais ainda. Acredito que ainda não tenha lido os jornais porque, realmente, o Ver. Cleom Guatimozim é um homem muito ocupado, a essas altura dos acontecimentos ele deve estar ainda coordenando algumas coisas a nível de sua Bancada, onde são 13 Vereadores, é uma Bancada muito grande, mas, todos, por certo, devem estar profundamente constrangidos com a situação da intervenção nos Bancos. Diz o Ver. Cleom Guatimozim que o Governo é pela estatização. Nobre Vereador, por favor, V. Ex.ª é Psicólogo, é Advogado, e sabe que os cinco Bancos que sofreram intervenção são Bancos Estatais, agora, o rombo nesses Bancos, é da ordem de 23 bilhões de cruzados. É muito dinheiro do povo a continuar jogado na rua sem qualquer posição do Governo Federal. E mais, a União já colocou nestes Bancos, além do rombo de 23 bilhões, mais de 20 bilhões. O que quer o Governo Federal estatizar? Como estatizar, Ver. Cleom Guatimozim, se os Bancos são estatais, nobre Vereador. V. Ex.ª diz: transformar os Bancos em Bancos Federais? Nobre Vereador, por favor, isto nunca passou e nem vai passar pela cabeça do Governo Federal pois isto é um desatino. Imagine o Governo Federal querer receber os Bancos Estatais. Não. A intenção clara do Governo Federal é ajudar os Bancos Estaduais de Santa Catarina, do Rio de Janeiro que é governado pelo Dr. Leonel Brizola; Maranhão, terra do Presidente, Ceará e Mato Grosso. Estes são os Estados cujos Bancos Estaduais sofreram intervenção e o Governo Federal quer apenas sanear as finanças destes Bancos. Não houve condições, os Governadores não conseguiram resolver estes problemas. Diz o Ver. Cleom Guatimozim que o Governo Federal quer atribuir aos Governo Estaduais a dívida externa. Não é isto. O déficit não é a dívida externa. O déficit destes Bancos nada tem a ver com a dívida externa. Estão mal operados estes Bancos. Os cinco Bancos que sofreram intervenção estão mal trabalhados. O rombo é de 23 bilhões. Somados aos 20 bilhões que o Governo já colocou, vai a quase 40 e tantos bilhões de cruzados. O que o Governo deve é ajudar aos Estados, é manter as instituições funcionando. Devem funcionar esses Bancos, devem ser sanadas as suas finanças e eu reitero o que eu disse há pouco, Ver. Aranha Filho, sem qualquer constrangimento: o que o Dr. Brizola não pôde fazer no Rio de Janeiro com o BANERJ, ninguém pode desmentir essa verdade, com todas as suas dificuldades, com todas as suas deficiências, o Governador Jair Soares fez com o Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Conseguiu sanar as finanças. E veja, não custava nada o Governo Pedro Simon levar a realidade econômica do Banco do Estado e pedir uma intervenção do Governo Federal. Mas não é esta realidade. É uma situação boa, é uma situação de recuperação total, portanto, não sofre a intervenção que sofreram cinco Bancos Estaduais. Não há qualquer conotação política nesta intervenção. É uma preocupação do Governo Federal para ajudar esses Bancos. Eu acho, Ver. Cleom Guatimozim, que é um problema do Governo Federal em se antecipar a posse dos Governadores, não no sentido de se indicar a vida de todos os Bancos Estaduais. Não. Só desses Bancos, porque são os que estavam operando mal e precisavam os novos Governadores encontrar uma solução para esses Bancos, e a intervenção é uma solução, é um instrumento legal e acho que por aí nós teremos esses Bancos saneados. Esses Bancos terão suas finanças totalmente saneadas e com isso seus operadores terão a participação do Governo Federal numa contribuição muito importante para os futuros governadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, o Ver. Frederico Barbosa, em Comunicações.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, volto hoje a abordar o tema Centro da Cidade de Porto Alegre. Sempre que se fala no problema Centro da Cidade, agita-se a própria Cidade. Porque, na verdade, o Centro, tão anunciada por tantos Prefeitos, as modelações, são modificações que atingem toda a população que dia, menos dia transitam pelas ruas principais, além de toda a população que circula obrigatoriamente no seu ir-e-vir diário. Assim como a população que trabalha no perímetro central de Porto Alegre.

Quero dizer, mais uma vez, o que já disse na semana passada, nesta Comissão Representativa. Independente de partido, independente de ideologia, terá o meu modesto e simples apoio todo o chefe do Executivo que levar avante a idéia de disciplinar o perímetro central de nossa Capital. E digo isso, até, porque durante longos anos venho falando neste problema e em todos esses anos não consegui ver nenhum Prefeito de Administrações anteriores, e pertencentes ao partido que pertencia, ter sucesso no verdadeiro disciplinamento de uma área, que é o verdadeiro coração da Cidade de Porto Alegre. O Prefeito Alceu Collares vem, enfaticamente, anunciando pela imprensa e ontem, ainda, ouvi declarações suas de que vai a fundo na questão e deverá fazer este disciplinamento. Foi neste sentido que, inclusive, fiz contato com S. Ex.ª ainda há uma semana atrás, na quinta-feira passada, dando aquilo que pudesse ser o simples e modesto apoio e solicitando algumas explicações, que acho absolutamente necessárias para que a população participe de um debate amplo, aberto desses que seriam um verdadeiro melhoramento de uma área tão importante como o coração de nossa Cidade. Divido o assunto em duas etapas. A primeira: absoluta necessidade do disciplinamento do Centro da Cidade. Volto a repetir: absoluta necessidade. O Centro da Cidade não pode continuar como está. Em segundo lugar, aqueles que estão envolvidos diretamente com o problema, como os camelôs, ambulantes e a população em si, devem ser ouvidos, para que possamos dialogar se a idéia melhor é a do Executivo ou se existem outras que possam compatibilizar melhor o perímetro central de Porto Alegre. Neste sentido solicitei ao Prefeito e volto a solicitar amplos esclarecimentos sobre a idéia que para uns parece muito grande, mas quem sabe possa ser viável, de que a praça Parobé através de escavações, possa ser uma nova estação a nível de subsolo como o final das linhas de ônibus que hoje estão em torno da Praça XV e Parobé e que uma plataforma seja colocado o comércio de frutas e verduras e ambulantes que habita há muito tempo também ali. Que fique bem claro: o apoio é total a todos aqueles que, como hoje o Prefeito Alceu Collares, dão a público a idéia de resolver o problema da área central de Porto Alegre, ou seja, resolver a nível de disciplinar, de devolver a área para o ir-e-vir perfeito do porto-alegrense, de relocalização dos terminais de ônibus e do comércio de frutas, verduras e ambulantes.

Sei, tenho certeza absoluta, que um disciplinamento na área central de Porto Alegre certamente deixará alguns descontentes, mas alguém, nesse disciplinamento, deverá abrir mão de alguma coisa que hoje detém. O comércio de frutas, verduras, de ambulantes está, hoje, certamente e a bloquear a área em torno da Praça XV e Parobé. A relocalização deste comércio é absolutamente necessária. Como isso será feito é a segunda etapa. A idéia do Prefeito de se fazer em cima de uma plataforma, na Praça Parobé é melhor ou não? Os dados técnicos onde estão? Após o lançamento da idéia a obra é viável? Creio que sim, porque o Prefeito não viria a público lançar uma obra inviável. Mas os cofres públicos permitirão uma obra deste porte? Ou os empresários do transporte coletivo e outros que habitam o Centro da Cidade participarão do novo terminal a nível de subsolo, de plataforma para o comércio de frutas e verduras?

É isto que estou a solicitar do Prefeito Alceu Collares que disse que vai a fundo no problema do Centro da Cidade. Acho que ninguém mais do que a própria população deseja uma solução para o perímetro central da Cidade, tão conturbado. Acho que o próprio comércio que habita a via pública terá, também, vantagens se tiver, definitivamente, rearticulado seus pontos e definido, para a sua tranqüilidade, um novo local para as suas atividades. Compreendido, evidentemente, este novo local, como um local que possa dar o que sobreviver para estas pessoas que ali estão.

Lembro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que falo neste assunto desde 1975, ou seja, praticamente doze anos. Naquela época, acho que, se a Prefeitura Municipal de Porto Alegre tivesse assumido a fundo o problema, poderia se ter uma relocalização simples, tranqüila e fácil deste comércio que habita a via pública no perímetro central de Porto Alegre. Com o tempo avolumou-se o número de pessoas que, por um motivo, ou por outro, sem ter como sustentar as suas famílias, aderiram a este comércio e, consequentemente, fizeram com que as vias públicas, em torno do Mercado Público ficassem praticamente intransitáveis. Em primeiro lugar, na época de fim de ano e, agora, de alguns anos para cá, durante todo os dias em que se pode fazer o exercício livre, no dias úteis, do comércio do Centro da Cidade.

Portanto, reitero que a atitude do Prefeito Alceu Collares, declarando, de público, que vai a fundo na solução dos problemas do perímetro central da Cidade, merece os elogios de qualquer corrente partidária e não tenho o mínimo problema de vir a tribuna, já pela segunda vez, para declarar este apoio, na certeza de que o Prefeito vai explicar à população os seus planos, bem como irá dialogar com as entidades que habitam o Centro da Cidade, para que se chegue a uma conclusão rápida. Mas que não pare mais neste trabalho, pois, se sua afirmação de solucionar o problema do perímetro central, não for cumprida, aí sim, viremos a esta tribuna para cobrá-lo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Face à inexistência de “quorum” declaro encerrados os trabalhos da presente Reunião Ordinária e convoco os Srs. Vereadores Titulares da Comissão Representativa para a Reunião Ordinária da próxima quinta-feira, à hora regimental.

Estão levantados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Reunião as 11h10min.)

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